1.Este foi um ano marcado por vários conflitos laborais. Entre eles, destaco as lutas dos professores contra a proposta de alteração do estatuto da carreira docente e contra o sistema de avaliação que o Primeiro Ministro reconheceu ter sido um documento exigente, burocrático e mal elaborado.
Ao que parece, o processo ainda não terminou, embora as férias e as próximas eleições possam sossegar os intervenientes. Mas as necessárias reformas no sector da educação, cuja dinâmica é imparável face às novas tecnologias da informação e aos novos valores que a sociedade vai inculcando nas jovens gerações, acabarão por voltar à agenda governamental, mais cedo do que se pensa.
Muitos são os factores que influenciam o processo educativo.
Hoje, não é possível pensar a Escola e os professores como agentes de comunidades fechadas e respeitadoras de valores assentes no tripé do Estado Novo: Deus, Pátria, Família. Este paradigma ruiu com o advento da Liberdade, da Democracia, da obrigatoriedade dos ensinos básico e brevemente, secundário, e o acesso às universidades públicas ou privadas. A entrada da mulher no mercado do trabalho, com salário equiparado ao homem; a liberdade religiosa, o divórcio, a despenalização moral da sexualidade, são outros factores, entre muitos, que contribuíram para que o Ensino e a Escola hoje, sejam totalmente diferentes dos anos 70. São desse tempo os docentes mais antigos que tiraram cursos universitários, no meio da contestação ao regime marcelista; ou até os que nos anos 80, ingressaram nas Academias imbuídos da convicção de que ser professor era exercer um sacerdócio.
A sociedade evoluiu muito nos últimos 20 anos, fruto do crescimento económico e da alteração de valores. E, pelo que se depreende, os agentes do sistema educativo ou não perceberam ou não estão preparados para responder à mudança.
Só uma análise complexa e contínua, permite observar o que se está a passar nos vários ambientes: familiar, educativo, laboral, social, religioso, pois todos eles interferem no desenvolvimento humano.
Olhar o fenómeno educativo deve ser uma constante preocupação das famílias, da escola e dos governantes. Hoje a sociedade da informação constitui uma “ameaça” ao imobilismo e ao conservadorismo de todos os agentes educativos. A formação dos educadores deve, por isso, ser constante, para bem desempenharem a sua exigente missão.
2.-O Ensino Mediatizado, a Universidade Aberta e o ensino à distância disponibilizado por várias universidades portuguesas, são respostas modernas à mudança civilizacional que vivemos.
Por motivos familiares, acompanhei, de perto, as aulas do Ensino Secundário Mediatizado que é leccionado a partir da Escola Secundária Vitorino Nemésio da Praia da Vitória.
Quando essa solução me foi proposta – confesso - tive muito receio em aderir ao projecto. Hoje, estou convencido que é uma excelente solução para quem pretenda prosseguir estudos secundários e, por qualquer motivo, não pode frequentar a Escola. Recomendo o ensino mediatizado a quem trabalha, pois, ao fim do dia, cansado não necessita de sair de casa. O ensino mediatizado é muito direccionado, há um excelente relacionamento entre professor e alunos e os docentes estão sempre disponíveis para responder às dificuldades que surjam, através do meio fácil e rápido - a internet.
O ensino mediatizado permite aos alunos fazer exames das disciplinas dos ensinos básico e secundário quando o entendam, na escola mais próxima, até ingressarem em cursos superiores.
Estas são respostas adequadas do sistema educativo regional, resultantes do aproveitamento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), para que o ensino e a formação das pessoas seja contínua.
Será que a Escola tradicional já se adequou às rápidas mudanças actuais que questionam, permanentemente, o sistema de ensino e os seus agentes?
Voltar para Crónicas e Artigos |